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About Vozes de Dentro

Somos um grupo de pessoas presas, presos e pessoas que do outro lado dos muros acompanham e participam, de diferentes formas, nas lutas das pessoas reclusas e das suas famílias. As pessoas privadas de liberdade e especialmente as pobres, racializadas, mulheres, transgéneros e crianças enfrentam condições desumanas, violência física e psicológica nas prisões. As histórias destas pessoas são altamente invisibilizadas, e, por isso, expostas a constantes violações dos seus direitos fundamentais (1). Em particular, Portugal é dos países europeus onde mais morrem reclusa/os (2) e as prisões portuguesas têm sido por diversas vezes alvo de críticas do Conselho da Europa, nomeadamente do Comité Contra a Tortura. Conjuntamente, encontra-se entre os países da Europa onde se condena mais a penas de prisão, por períodos mais longos e onde a sobrelotação é uma realidade. Os índices de encarceramento são altos especialmente entre as mulheres, também condenadas a penas maiores, e não existem dados oficiais sobre o número de pessoas transgénero, bem como sobre a pertença étnico-racial (1, 3). Testemunhos de reclusas e reclusos e seus familiares indicam o frequente recurso a fármacos sedativos, anti psicóticos e anti convulsivos sem uma conexão clara com a necessidade clínica dos próprios fármacos, mas mais claramente em coerência com a atitude repressiva do sistema prisional (4). A maioria dos estabelecimentos prisionais caracterizam-se por graves problemas nas infraestruturas, péssima alimentação, falta de acesso a bens e produtos essenciais. Os cuidados de saúde são também precários e deficitários, com a maioria de profissionais de saúde subcontratada. A atividade laboral remunerada é parca e traduz-se, maioritariamente, na exploração e as ofertas formativas são poucas. Isto, aliado à baixa aplicação de medidas de flexibilização de penas, ao inexistente apoio para a reinserção social, ao isolamento social a que ficam sujeitas as pessoas presas com severas limitações de contato com as suas famílias e comunidades e os percursos prévios de institucionalização que muitas viveram previamente à prisão, configura os ciclos de pobreza-exclusão-institucionalização-violência (5). Na prisão as discriminações, violências e a exploração persistem e são exacerbadas remetendo-as para invisibilidade, abandono social e marginalização. O objetivo deste grupo é de visibilizar a realidade obscurecida das prisões e pensar coletivamente possíveis ações de apoio para quem está dentro.

Pelo fim de todas as prisões e pela Palestina livre!

(below in arabic and english)

Pelo fim de todas as prisões e pela Palestina livre!

31 DEZ 16H concentrações em frente a todas as prisões

Por um 2024 em solidariedade com todes as presas!

Por um 2024 de luta anticarcerária!

Porque odiamos todas as prisões e as sociedades que delas precisam!

Em 2024 continuaremos a lutar, junto de companheires preses, das suas famílias e amigues, por um mundo sem prisões onde todes sejamos livres!

Apelamos a todas as pessoas, movimentos e organizações solidárias, e pela libertação da Palestina em Portugal à mobilização de concentrações no dia 31 de Dezembro à frente de todos os estabelecimentos prisionais portugueses em solidariedade e apoio com todas as pessoas e crianças que enfrentam e resistem à prisão! Pelo fim de todas as prisões e pela Palestina livre!

Mais um ano e nada mudou nas prisões portuguesas!

Mais um ano de famílias em luto sem respostas sobre as reais causas e responsabilidades sobre as mortes dos/as seus/suas familiares presos/as;

Mais um ano de luta por verdade e justiça das mães de Danijoy e Daniel que morreram em 2021 no estabelecimento prisional de Lisboa;

Mais um ano que companheires preses denunciam torturas, violências e negligências que enfrentam diariamente na prisão:

as mortes atrás das grades;

a fome e a má alimentação;

a falta de água e de luz recorrente em algumas prisões;

o frio no Inverno ou o calor asfixiante no Verão;

a ausência de cuidados e assistência médica;

a deterioração mental e física agravada pela prescrição e administração de grandes doses de medicamentos por psiquiatras e enfermeiras/os, com associações perigosas e que colocam em risco a vida das pessoas presas;

a sobrelotação na maioria das prisões;

o tratamento desumano, o controlo e a violência arbitrária exercidos direta ou indiretamente por guardas e profissionais dos serviços de educação, de saúde, de reinserção social e de justiça;

a negligência, desvalorização, recriminação, infantilização, censura de correspondência, provocações, ameaças, agressões físicas e verbais, discriminação sexista, homolesbotransfóbica e racista, assédio, coação e violência sexual;

os múltiplos castigos e torturas no dia-a-dia na prisão, e o isolamento atroz durante mais de 22h e por períodos intermináveis no manco, nas prisões e secções de alta segurança, ou na cela;

as corrupções e tráficos de influência, de droga e telemóveis com a participação, colaboração e conivência de profissionais do sistema prisional e de justiça;

a inação de guardas e profissionais perante a violência que alimentam, reforçam, instrumentalizam e potenciam entre as pessoas presas;

o desaparecimento ou as esperas intermináveis do dinheiro que as famílias e pessoas amigas depositam;

as remunerações miseráveis do trabalho escravo a que se sujeitam para sobreviverem na prisão em condições subhumanas;

a ausência de apoio jurídico por parte de advogadas oficiosos; e @s advogados oportunistas que prometem mundos e fundos que não cumprem, em troca de quantidades astronómicas de dinheiro;

a desvalorização, discriminação, desgaste económico, físico e psicológico, os assédios, as ameaças, revistas corporais, humilhações e maus tratos que familiares, crianças e pessoas amigas de preses enfrentam por parte de diversos profissionais da prisão.

As prisões em Portugal também nos levam a refletir e agir em solidariedade com as prisões que constroem, destroem e ocupam a Palestina, e que fazem de Gaza uma prisão a céu aberto.

Ao luto das mães cujos filhos são violentados e mortos nas prisões portuguesas, deve unir-se a solidariedade e a luta com aquelas que choram os mortos por bombardeamentos, violentados por detenções administrativas e torturados nas prisões de Israel.

À luta das presas que denunciam a falta de cuidados de saúde e a retirada de filhos sem o seu consentimento nos estabelecimentos prisionais portugueses, deve unir-se a solidariedade e luta contra a morte e agravamento de doenças e saúde dos palestinos devido ao bombardeamento de hospitais e ao bloqueio imposto por Israel, que corta os sinais de vida e dignidade a populações inteiras.

Respondemos aos pedidos de solidariedade pelos palestinos estendendo a solidariedade por todas as pessoas presas num território ocupado – sejam essas prisões os muros e check points israelenses para controlar e cercear palestinos ao direito de movimento, as prisões ocupadas palestinas/os/es que lutam e resistem contra a ocupação, ou as prisões a céu aberto rodeadas pela destruição de casas, de escolas e das condições gerais que permitem a uma comunidade não só sobreviver, mas lutar por outros mundos.

Lembramos que, em 2016, foi apenas após pressão generalizada da sociedade civil que Portugal cessou a sua participação no projeto de cooperação policial com Israel, “Law Train”1, que foi criado para o aprimoramento tecnológico para as forças policiais2. É crucial continuar alerta contra este tipo de missões e cooperações, uma vez que elas têm estado envolvidas no recrudescimento de Estados policiais noutros países, como é o caso do projeto “Cop City” em Atlanta, nos EUA, que pretende transformar a floresta Weelaunee num centro de formação e treinamento para as forças policiais da cidade. Nesta conjuntura, movimentos e ativistas abolicionistas lutam simultaneamente contra a sua construção e contra o programa de cooperação que pretende obter treinamento para Departamento de Polícias de Atlanta em Israel3.

No entanto, outros laços diplomático-científicos persistem entre Portugal e Israel, e persistem laços económicos dos quais Portugal participa no contexto da União Europeia, legitimando as suas políticas e projetos de ocupação4. Neste sentido, a abolição prisional constrói-se como um projeto de abolição da ocupação colonial da terra e dos corpos, e de luta contra as detenções e torturas generalizadas que ocorrem há séculos na Palestina ocupada. Ao internacionalismo imperialista forjado em laços diplomáticos, científicos, policiais e militares com Israel ao redor do mundo, respondemos com o internacionalismo abolicionista que é solidário contra todas as formas de ocupação, aprisionamento e morte prematura que impossibilitam uma Palestina Livre.

Como escreve Angela Davis, assim como a luta pelo fim do apartheid sul-africano foi encampada por pessoas do mundo todo e incorporada a muitas agendas de justiça social, a solidariedade com a Palestina deve ser igualmente adotada pelas organizações e pelos movimentos que se dedicam às causas progressistas mundo afora. (…) se falamos em abolir o complexo industrial-prisional, devemos falar também em abolir o apartheid e colocar um fim à ocupação na Palestina!

1Portugal abandona projeto de cooperação policial com Israel (2016, 23 de agosto). Esquerda.net. https://www.esquerda.net/en/node/44171?page=8

2Organizações reclamam fim de cooperação policial entre Portugal e Israel (2016, 23 de junho). Esquerda.net. https://www.esquerda.net/…/organizacoes-reclamam…/43360

3Atlanta students rally against police training in Israel, suppression of campus activism (2023, 12 de novembro). Mondoweiss. https://mondoweiss.net/…/atlanta-students-rally…/

4Cooperação entre Portugal e Israel. Fundação para a Ciência e a Tecnologia. https://www.fct.pt/…/cooperacao-entre-portugal-e-israel/Israel. Relações Bilaterais. Portal Diplomático. https://portaldiplomatico.mne.gov.pt/…/paises-geral/israel

 

من أجل إنهاء كافة السجون و من أجل فلسطين حرة!
31 ديسمبر، الساعة 4 مساءً: تجمعات أمام جميع السجون!

في سبيل نهاية كل السجون! وفلسطين حرة!
تضامنا مع جميع السجناء!
نضالا ضد السجون! نكره كل السجون والمجتمعات التي تحتاجها! في 2024، سنواصل النضال جنبًا إلى جنب مع زملائنا السجناء وعائلاتهم وأصدقائهم، من أجل عالم خالٍ من السجون حيث نكون جميعًا أحرارًا! ندعو جميع الأفراد والحركات والمنظمات التضامنية، وندعو إلى التحرك وتنظيم تجمعات في 31 ديسمبر أمام كافة المؤسسات السجنية البرتغالية، تضامنًا ودعمًا لجميع الأشخاص والأطفال الذين يواجهون ويقاومون السجن! من أجل نهاية كل السجون وفلسطين حرة!

عام آخر ولا تغيير في السجون البرتغالية! عام آخر من العائلات في الحداد دون إجابات حول الأسباب والمسؤوليات لوفاة أفراد أسرهم في السجون؛ عام آخر من النضال من أجل الحقيقة والعدالة لأمهات دانيجوي ودانيال اللتين توفيا في 2021 في سجن لشبونة؛ عام آخر يشهد على شكاوى السجناء المتعرضين للتعذيب والعنف والإهمال يوميًّا في السجن:

الوفيات خلف القضبان؛
الجوع وسوء التغذية؛
انقطاع المياه والكهرباء المتكرر في بعض السجون؛
البرد في الشتاء أو الحر اللافح في الصيف؛
غياب الرعاية الطبية والصحية؛
التدهور النفسي والجسدي بسبب جرعات الأدوية التي يوصفها أطباء نفسيين وممرضين، مع تعريض حياة السجناء للخطر؛
ازدحام في معظم السجون؛
المعاملة اللاإنسانية، والسيطرة والعنف التعسفي من قبل الحراس والمحترفين في خدمات التعليم والصحة والإعادة الاجتماعية والعدالة؛
الإهمال، التهميش، الاتهامات، و والرقابة على المراسلات، والاستفزازات، والتهديدات، والاعتداءات الجسدية واللفظية، والتمييز الجنسي، والتمييز ضد المثليين والمثليات والمتحولين جنسيًا، والتحرش، والإكراه، والعنف الجنسي؛
العقوبات والتعذيب اليومي في السجن، والعزل المروع لأكثر من 22 ساعة في المانكو أو الأقسام المشددة أو في الزنازين؛
الفساد وتجارة النفوذ والمخدرات والهواتف المحمولة بمشاركة وتعاون وتواطؤ محترفين من النظام السجني والعدالة؛
التقاعس من قبل الحراس والمحترفين أمام العنف الذي يثير، ويعزز، ويستغل، ويشجع بين السجناء؛
اختفاء الأموال التي يقوم الأهل والأصدقاء بإيداعها أو الانتظار لفترات طويلة؛
الأجور المزرية للعمل الرقابي الذي يتحملونه للبقاء في السجن في ظروف غير إنسانية؛
نقص الدعم القانوني من المحامين المعينين، والمحامين الاستغلاليين الذين يعدون بأمور لا يفيون بها، مقابل مبالغ مالية هائلة؛
تقليل القيمة والتمييز والإرهاق الاقتصادي والجسدي والنفسي والمضايقات والتهديدات والتفتيش الجسدي والإذلال وسوء المعاملة الذي يتعرض له أفراد أسر وأطفال وأصدقاء السجناء من خلال مختلف العاملين في السجون. تذكير بأن البرتغال لم تتوقف عن مشاركتها في مشروع التعاون الشرطي مع إسرائيل، “Law Train”، إلا بعد ضغوط واسعة من المجتمع المدني في 2016، حيث تم إنشاء المشروع من أجل التحسين التكنولوجي لقوات الشرطة. من الأهمية بمكان أن نظل في حالة تأهب ضد هذا النوع من المشاريع والتعاون، حيث شاركت البرتغال في عودة ظهور الدول البوليسية في بلدان أخرى، كما هو الحال الآن.

 

Down with the walls of all prisons!

For a 2024 in solidarity with all women prisoners!

For a 2024 of anti-prison struggle! Because we hate all prisons and the societies that need them!

In 2024, we will continue to fight, together with fellow prisoners, their families and friends, for a world without prisons where we are all free!

We call on all people, movements, organisations, in solidarity and organisations for the liberation of Palestine in Portugal to mobilise in demonstrations on December 31 in front of all Portuguese prisons in solidarity and support of all the people and children who face and resist imprisonment! For an end to all prisons and a free Palestine!

Another year, and nothing has changed in Portuguese prisons!

Another year of grieving families without answers about the real causes and responsibilities for the deaths of their imprisoned relatives;

Another year of fighting for truth and justice for the mothers of Danijoy and Daniel, who died in 2021 in Lisbon prison;

Another year of fellow prisoners denouncing the torture, violence and neglect they face every day in prison:

deaths behind bars;

hunger and malnutrition;

the recurrent lack of water and electricity in some prisons;

the cold in winter or the suffocating heat in summer;

the lack of medical care and assistance;

mental and physical deterioration aggravated by the prescription and administration of large doses of medication by psychiatrists and nurses, with dangerous associations that put prisoners’ lives at risk;

overcrowding in most prisons;

the inhuman treatment, the control and the arbitrary violence exercised directly or indirectly by guards and professionals from the education, health, social reintegration, and justice services;

the neglect, devaluation, recrimination, infantilisation, mail censorship, provocation, threats, physical and verbal aggressions, sexist, homophobic and racist discrimination, harassment, coercion, and sexual violence;

the daily multiple punishments and torture in prison, and the atrocious isolation for more than 22 hours daily and for endless periods in solitary confinement, in prisons and high-security sections, or in cells;

corruption, influence peddling, and drugs and mobile phone trafficking with the participation, collaboration and collusion of professionals in the prison and justice system;

the inaction of guards and professionals towards violence that they feed, reinforce, instrumentalise and promote among prisoners;

the disappearance or unending waits for the money deposited by families and friends;

the miserable pay for the slave labour to which they are subjected to survive in prison in subhuman conditions;

the lack of legal support from officially-appointed lawyers, and the opportunistic lawyers who promise the world in exchange for astronomical amounts of money but do not deliver;

the devaluation, discrimination, economic, physical, and psychological exhaustion, harassment, threats, body searches, humiliation, and mistreatment that the prisoners’ family members, children and friends face from various prison professionals.

The prisons in Portugal also make us reflect upon and act in solidarity with the jails that build, destroy, and occupy Palestine and that turn Gaza into an open-air prison.

The mourning of mothers whose children are violated and killed in Portuguese prisons must be joined by the solidarity and struggle of those who mourn the ones killed in bombings, violated in administrative detentions, and tortured in Israeli prisons.

The struggle of women prisoners in Portuguese prisons who denounce the lack of health care and the removal of their children without their consent must be joined by the solidarity and struggle against the death and worsening of illnesses and health of Palestinians due to the bombardment of hospitals and the blockade imposed by Israel, which cuts off signs of life and dignity for entire populations.

We respond to calls for solidarity with Palestinians by extending solidarity to all people imprisoned in the occupied territory – whether those prisons are the Israeli walls and checkpoints to control and restrict Palestinians’ right to movement, the occupied Palestinian prisons fighting and resisting the occupation, or the open-air prisons surrounded by the destruction of homes, schools and the general conditions that allow a community not only to survive but to fight for other worlds.

Let us remember that, in 2016, it was only after widespread pressure from civil society that Portugal ceased its participation in the police cooperation project with Israel, “Law Train”1, which was created to improve technology for police forces2. It is crucial to remain vigilant against these types of missions and cooperation, which have been involved in the resurgence of police states in other countries, as is the case of the “Cop City” project in Atlanta, USA, which aims to transform the Weelaunee Forest into a training centre for the city’s police forces. At this juncture, abolitionist movements and activists are simultaneously fighting its construction and the cooperation programme that aims to get training for the Atlanta Police Department in Israel3.

However, other diplomatic-scientific ties persist between Portugal and Israel, and economic ones in which Portugal participates in the context of the European Union, legitimising its occupation policies and projects4. In this sense, prison abolition is constructed as a project to abolish the colonial occupation of land and bodies and to fight against the widespread arrests and torture that have been taking place for centuries in occupied Palestine. To the imperialist internationalism forged in diplomatic, scientific, police and military ties with Israel around the world, we respond with abolitionist internationalism that stands in solidarity against all forms of occupation, imprisonment and premature death that make a Free Palestine impossible.

As Angela Davis writes: “Just as the struggle to end South African apartheid was embraced by people all over the world and was incorporated into many social justice agendas, solidarity with Palestine must likewise be taken up by organisations and movements involved in progressive causes all over the world. (…) And so, if we say, as we do, abolish the prison industrial complex, we should also say abolish apartheid. And end the occupation of Palestine!”

1 Portugal abandons police cooperation project with Israel (2016, August 23). Esquerda.net. https://www.esquerda.net/en/node/44171?page=8                                                                                    2 Organisations call for an end to police cooperation between Portugal and Israel (2016, June 23). Esquerda.net. https://www.esquerda.net/…/organizacoes-reclamam…/43360                                           3 Atlanta students rally against police training in Israel, suppression of campus activism (2023, November 12). Mondoweiss. https://mondoweiss.net/…/atlanta-students-rally…/                                     4 Cooperation between Portugal and Israel. Fundação para a Ciência e a Tecnologia. https://www.fct.pt/…/cooperacao-entre-portugal-e-israel/ Israel. Bilateral Relations. Diplomatic Portal. https://portaldiplomatico.mne.gov.pt/…/pais


Roubam-nos a nossa vida injustamente

16/07/2023

Chamo-me Catarina tenho 57 anos, estou detida desde o dia 15/4/2023 o meu processo era de 2016 fui condenada a 5 anos e 3 meses por um crime que dizem que fiz.

Imagine, sempre trabalhei nunca tive problemas com a justiça e condenam-me assim ou melhor roubam-nos a nossa vida injustamente tudo por causa de um ex namorado da minha filha que pediu ao meu ex marido para o levar a Lisboa a comprar, para ele consumir, eu não queria ir eu estava de baixa trabalhava num lar já (h)á 8 anos e tinha feito uma sirurgia a mão, eu não queria ir lá, o meu ex lá me convenceu que enquanto o rapaz ia à vida dele nós iamos jantar ao mac, e foi o que fizemos, quando estavamos a jantar o ex da minha filha pediu a chave do carro ao meu ex devia ser para ir consumir eu tinha no carro a minha bolsa com a minha carteira e disse ao meu ex para irmos embora, chegamos ao carro o rapaz estava deitado no banco de tráz e atrás do meu banco passageiro estava a minha bolsa onde pequei nela e puxei para a frente ao pé dos meus pés, o rapaz disse-me que tinha metido na minha mala o maço de tabaco, fomos embora, ao chegar-mos [chegarmos] a onde morava na entrada da cidade estava uma operação stop se a droga que estava na minha bolsa fosse meu eu tinha tempo de deitar fora mas não sabia o que lá estava eram doses de heroina que era para consumo do rapaz, ele perante os nics (nucleo investigação criminal) admitiu que era dele, mas depois por eu o ter metido fora de casa mudou a versão disse que vendia para nós e em troco lhe dava para ele consumir, foi me dada uma advogada do estado, pois eu não tinha dinheiro para pagar um advogado, ela nunca me defendeu só a vi no dia do julgamento onde me disse para não falar e como eu não conhecia as leis assim o fiz mantive o silêncio e sem testemunhas, sem provas, sem ninguem que me ajudá-se [ajudasse] até o meu ex marido para se defender disse que eu é que quis ir a Lisboa. Levo com prisão efetiva logo assim sendo primária e acusada de traficar 5 anos, não levaram em conta que sempre trabalhei que nunca tive problemas com a justiça até a polícia mentiu ao dizerem que o rapaz nunca assumiu, o que penso é que vivemos neste mundo e não podemos confiar em ninguém.

A advogada para ajudar meteu o recurso fora do prazo e foram-me buscar no fim do meu trabalho estando eu a pôr gasolina nas bombas da minha terra, nem a casa me deixaram ir vim para aqui com a roupa do corpo, fiquei fechada por 3 dias para mim foi como se me tirassem o chão e só pensava, meu deus que foi o que eu fiz para merecer tal castigo, indicaram-me um advogado para ver se ainda conseguia fazer alguma coisa mas ele pediu-me 2000€ e 600€ tinha que dar logo de entrada e ir pagando 100€ por mês mas desisti porque não tenho como pagar, a unia ajuda que vou tendo é da minha filha ficou a tratar da minha casa onde paga 300€ de renda ela trabalha no lar onde eu também estava efetiva até vir para aqui…

Desculpe este meu desabafo e obrigada pela atensão

Sem mais beijinhos e obrigada


Queixa Coletiva de Reclusos do EP Monsanto

Exma senhora, M.I. Bastonária – Ordem dos Advogados
Largo se São Domingos, nrº14 – 1º, 1169-060 Lisboa
Email: gab.bastonario@cg.oa.pt

Exmo. Senhor, Prof. dr. Marcelo Rebelo de Sousa, M.I. Presidente das Republica – Gabinete do Presidente, Palácio de Belem – Calçada da Ajuda, 1349-022 Lisboa
Email: belem@presidencia.pt

Exmo Sr. Juiz presidente, Tribunal Europeu dos direitos do Homem

Exmo senhor, Secretário-Geral, APAR- Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso
apartado 22, 2504-909 Caldas da Rainha
Email: apar.apar@hotmail.com

Assunto: Exposição/Reclamações/Queixa colectiva
I
Os reclusos subscritores da presente exposição/reclamação/queixa colectiva, recolhidos actualmente no Estabelecimento Prisional de Monsanto, sito na Avenida 24 de Janeiro, 10, 1500- 624 Lisboa, vêm mui respeitosamente à presença de V. Exa, através da presente exposição, inconformados com as situações abaixo indicadas que têm vindo a ser alvos no estabelecimento prisional de Monsanto, vêm através do artigo nº 116, nºs 1,2,3,4 e 5 do Código de Execução de Penas e Medidas Privativas de Liberdade, apresentar uma reclamação e queixa colectiva, com os fundamentos seguintes: Continue reading


Cartas sobre a Negligência da Embaixada Brasileira

Tires, 25.07.2023

 

Meu nome é X reclusa nºX. Me encontro detida no estabelecimento prisional de tires desde o dia X. Venho através desta carta relatar a minha total revolta com a Embaixada brasileira que não move uma palha por nenhuma de nós que aqui se encontram. Ganham com a cabeça de cada brasileira que tem aqui dentro, e nem sequer fazem uma visita pra saber ao menos o estado de saúde em que cada uma se encontra. Continue reading


Abaixo Assinado De Mais De 50 Reclusas Do E.P. De Tires

Venho por meio desta carta comunicar as autoridades Brasileiras e a imprensa, que a situação do Estabelecimento prisional de Tires (Portugal) é deplorável para nós ‘Brasileiras’. Continue reading


Onde está o jovem de 17 anos?

Onde está o jovem de 17 anos?

Vários rumores e lastros de relatos de reclusos/as, amigos/as e familiares nas redes sociais levam-nos a temer o pior. Onde está o jovem de 17 anos que estava preso em Custóias e foi internado em morte cerebral no hospital Pedro Hispano no Porto?

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Falsa Sensação – Poesia no RAI em prisão feminina

 

 

Falsa Sensação_Poesia do RAI_VozesdeDentro

 

FALSA SENSAÇÃO

Não vejo mais grades, não vejo mais celas sendo trancadas.

Vivo num quarto, dentro de uma casa.

Vou para o sofá quando eu quero,

volto para o quarto quando eu quero.

Parece que estou na minha casa,

mas não no meu lar.

Me sinto livre, mas não liberta.

A tortura emocional é excessiva.

Estou com a liberdade a poucos passos, mas nunca chega.

Parece que estou caminhando em um corredor sem fim.

Será que era melhor ver grades?

Será que era melhor ver celas sendo trancadas?

Talvez sim, talvez não.

O que me separa da liberdade é, “apenas”, um portão.

Tão perto, mas tão longe.

Enquanto eu não chego ao fim do corredor,

vou sentindo esse gosto amargo,

de uma falsa sensação de liberdade.


“Tu e eu fomos presas, nos separaram com uma lei que não existe. Não há uma lei que tira os filhos se tiverem mãe.”

 

 

 

Olá

Muito obrigada pelas fotos que me enviaste, chorei tanto e tanto. Mas as palavras que me escreveste me dão muito animo e apoio e tuas palavras são doces e meigas que entram de coração.

Uma vez mais obrigado.

Pois de estar fechada sem poder fazer nada pela minha princesa, ela vai ser adotada sem estar eu ou um familiar para travar essa adoção. Com raiva, com dor do meu coração, com impotência, sabendo que minha filha ia ser adotada eu dei em doida e cheguei a cortar-me a mim mesma, mas estou arrependida. Mas foi um desespero que tive,  mas já não voltará a suceder.

Cuesta muito que adotem a minha filha sem saber porquê, sem eu dar o consentimento. Me sequestraram a minha filha e a mim me puseram em uma jaula e sem saber da minha filha, me roubaram a minha filha, e com ela foi o meu coração.

Tu me dás muitas forças, ânimo e apoio, obrigada. Me fizeste feliz de eu ver as fotos da minha bebé. Ela é doce, mimosa, meiguinha, uma menina criada com amor, carinho, educação. Dá pra ver nas fotos. Eu quando sair vou a onde for para ver a minha menina, e vou falar com vizinhas, escolas onde a menina teve. Não vou atirar a toalha. Agora estou mal, caí e ainda não me levantei. Mas com o vosso apoio vou levantar-me e seguir pra frente.

Quando eu sair quero ver-te e tomamos um café, e dizer-te obrigada frente a ti amiga.

Eu quero que a menina venha novamente aos meus braços, é minha filha. Não tinham que fazer-me isso, não tem razão, ela não é maltratada nem pensar, mas com a minha verdade voltará a minha filha comigo. Tenho muita fé amiga. Não sabes a nódoa que tenho no meu coração. Estou muito magoada. Eu sou uma mãe sofrida e maltratada pelo meu ex companheiro. Eu vivia sozinha com a minha filha, eu trabalhava de ajudante de cozinha, minha filha ia a escolinha e eu ia trabalhar, eu e minha filha vivíamos como queríamos.

Um dia veio uma senhora com 3 filhos a minha casa, era minha família, eu lhes abri a porta e lhes dei tudo, cama, comer, amor, carinho. Ela tinha um irmão que me via pelo facebook, enfim ela veio a minha casa e trouxe o irmão, eu estava há 4 anos sozinha com minha filha. Ele veio e falámos e tudo bem uns meses. Ele tinha ciúmes doentios, [um dia] começou a dizer-me que [eu] tinha amantes debaixo do colchão. Apanhou a faca e começou a esfaquear o colchão, e [dizia] que [eu]  amantes nos armários começou por aí… se eu negava-lhe um beijo ele dizia que [eu] tinha amantes dentro da almofada. De isto começou a bater-me, eu tinha minha casa, meu trabalho, minha filha, estava bem.

Logo de uma chapada, começou a dar-me duas, etc. Partiu-me o lábio, um dedo, o nariz e assim começou a minha tortura, chegou a dar-me uma chapada na frente da minha filha, chamei a PSP.O levaram ao posto, o soltaram novamente, vinha a minha casa ameaçar-me que se não abria a porta que punha fogo a casa. Abri a porta,  nos apanhou minha filha e a mim, nos meteu no carro e nos levou. Logo os meus doutores ligaram, a perguntar donde estávamos minha filha e eu, e ele me dizia para eu dizer que estávamos na Madeira. Outra vez estávamos em Gouveia, íamos para  para Leiria e ele obrigou-me a dizer que estávamos em Chaves. No carro deu-me um murro que novamente me partiu o lábio. Ele só tinha na mente que eu o tinha de amar em todos os sítios. Logo nos levou minha filha e a mim para Espanha. Lá consegui fugir com minha filha e chamei a polícia espanhola porque estávamos sozinhas e precisávamos de ajuda. Eu não disse que estava a fugir dele. A polícia nos pagou uma pensão e nos pagou o bilhete para Portugal.

Fiquei novamente na minha casa, mas nunca pensei que ele vinha novamente a buscar-me. Eu fui para ao pé da minha mãe e deixei lá minha filha. Depois de tanta tortura e ameaças, não me deixava ter um telemóvel, se tivesse ele o partia. Uma vez que a menina estava na minha mãe ele disse-me: Vamos à praça de táxis, vamos à tua mãe e logo seguimos para Espanha a trabalhar. Alugámos o táxi e ele a meio do caminho roubou o táxi e deixou o taxista no meio da estrada. Viemos presos, eu por cúmplice e ele por roubar o carro e conduzir sem carta. FTotal, foi uma tortura que passei, tive medo e temi pela minha Vida. E por isso aqui estou presa.

Como a minha mãe é acamada não podia cuidar da minha princesa. E fui  buscar minha filha e ele me perseguiu, eu fugi chamei a polícia e me levaram ao hospital (pediatria) para nós dormir essa noite. Mas já tinha perdido tudo por causa do maltratador.

A assistente social me perguntou se eu e minha filha queríamos ir para uma instituição. Eu disse que sim. Mas para mim não havia vaga, só para a minha filha.Eu com dor dei minha própria filha para instituição, mas com dor de mãe. Era para que minha filha tivesse um teto, comida, escolinha. Total assinei para que a menina tivesse um ano na instituição, para eu procurar trabalho e uma casa.Perguntaram à minha bebé se a mamã era maltratada pelo companheiro e ela disse que sim, que ela via.

Vim presa, e tinha a minha filha na instituição. Tinha chamadas e videoconferência com minha bebé, ela tinha 4 aninhos. Teve na instituição dois anos, até que foi adoptada em 2022, sem o meu consentimento.Sem provas de nada, sem avisarem-me. Eu fiquei congelada, que minha filha foi adotada por ver que meu ex companheiro me tinha batido na frente da minha filha, por isto e por eu pedir duas moedas [na rua] uma vez que eu andava a fugir do meu agressor.

Tiraram-me minha filha sem motivo algum, sem me dizerem nada. Roubaram a minha filha, nos separaram da noite para a manhã, ela [presa] por um lado e eu por outro. Sabe deus o psicológico da minha filha sem ver a sua mamã e agora não sei onde está. Mas estou com advogado e amigas que me estão a ajudar.

Eu tenho o coração partido, estou de rastos sem saber com quem está minha rica filhinha, tenho o coração congelado, nunca pensei que me iam tirar a minha bebé, minha vida.

Minha amiga, tenho tantas saudades dela,  sempre tivemos uma relação muito próxima.Estava habituada todos os dias a estar com ela, almoçar juntas, íamos ao parque brincar e dar um passeio nos dias de sol. Já estou há um ano e meio sem os seus beijinhos, os seus abraços ou qualquer outro contacto físico.Vamos tentando atenuar as saudades de outra forma, com as fotos da minha pequena, mas não é a mesma coisa. Sinto falta da minha filha e sei que ela sofre também com a minha ausência.

Não deixa de ser difícil, quero muito abraçá-la mas não sei quando isso pode acontecer. Não está a ser fácil para mim. Só quero que isto acabe para poder aproveitar o máximo de tempo e recuperar a minha pequena bebé, minha vida. Quero que saibas minha querida filha que se pudesse estava a abraçar-te todos os dias e dar-te todos os beijinhos que mereces minha princesa. Mas tenho fé que pronto vamos a estar juntas meu amor.Sabes que a mamã ama-te com todo o seu coração, nunca te esqueças minha amiga, minha filha, sempre estarás no fundo do meu coração, mente e pensamento.

Tu e eu fomos presas, nos separaram com uma lei que não existe. Não há uma lei que tira os filhos se tiverem mãe. Esta justiça me tirou a minha filhinha, sem mais nem menos. Me tirou o direito de mãe, minha princesa, meu amor de mãe. Tenho tantas saudades tuas que me estão matando. Tenho o meu coração destruído. Mas tudo isto foi culpa de uma mala companhia. Meu ex companheiro que também está na cana. Maldito, destruíste minha vida e da minha filha.

 


Carta de esposa de homem preso à direção da prisão de alta segurança de Monsanto

Sou mulher de um recluso de Monsanto que lá está há quase 7 anos, eu moro a 10.000 quilômetros de distância, sou maior de idade, em pleno gozo de meus direitos, respeitosamente venho a vocês por meio deste e-mail para declarar o seguinte.

A única forma que temos de nos comunicar desde que ele foi privado de liberdade são os telefonemas que são constantemente e infelizmente alterados contra o que precisamos [para] estar [em] comunicação, também temos uma videochamada por mês de apenas 20 (vinte) minutos.

O motivo dessa reclamação é novamente em relação as ligações, como já mencionei acima, tem alterações desfavoráveis, violando constantemente nossos direitos. Os reclusos sempre tiveram 3 (três) tentativas de ligar para a pessoa com quem desejam se comunicar, e há quase 2 meses, de um dia para o outro, saiu uma “comunicação” de que só poderiam fazer uma (1) tentativa e se nessa tentativa houve falha ou a ligação não saiu, ele não tem mais o “direito” de tentar novamente. O que era normal até recentemente.

E minha pergunta é: como 1 segundo de tempo muda pressionando #Redial e tentando novamente? Acontece-nos que estamos fora e uma chamada quando não tem conexão, voltamos a tentar e ainda mais quando se trata de algo importante. E as ligações, com um preso de Monsanto, a mais de 10.000 quilômetros são tão importantes quanto qualquer comunicação que você tenha com suas famílias, que você pode fazer na hora que quiser. Uma ligação internacional custa muito para entrar na primeira tentativa, sabemos perfeitamente porque antes, quando eu tinha 3 tentativas, acontecia que na 2ª ou 3ª vez entrava e às vezes nem essas chegavam. É a única forma que temos para nos comunicar, os custos da ligação são por nossa conta, então literalmente não custa muito para o E. P em questão e por isso peço um pouco de empatia, e que por favor autorize as 3 tentativas novamente para ter uma comunicação “dentro do normal ” e os 10 minutos para 3 dias que temos. Peço encarecidamente que tenha em atenção este meu pedido, pois trata se de um simples ato de humanidade e que autorize as 3 tentativas novamente.

Semana passada, passei sem conseguir me comunicar com ele, e infelizmente não posso ligar para ele, nem ele pode ligar quando quiser, porque ele marca a ligação, por exemplo, às 15h e só o vão buscar às 17h ou até mais tarde, e aí se eu perder a ligação, eu perco a oportunidade de ouvir meu marido para saber como ele está, se ele está com alguma doença ou se ele precisa de uma cantina ou do envio de algum jornal. Infelizmente não posso ligar para descobrir como ele está pela [sua própria boca], porque não é possível. A única saída que eu tenho quando não falo com ele há dias é ligar para a Monsanto para saber se houve algum problema (foi assim que descobri que ele estava internado por Covid e  da greve dos guardas, porque eles também não tiveram a gentileza de me comunicar), e uma ligação para mim de onde estou para a Monsanto custa muito, na parte econômica, o idioma e também os maus-tratos e falta de respeito que sofri por parte da técnica do meu marido da última vez que liguei para saber dele .

Por isso, mais uma vez apelo, fazendo uso dos nossos direitos e porque defendem muito que os reclusos tenham ligação com as suas famílias para uma melhor reinserção social, que lhe possam conceder novamente pelo menos as 3 (três) tentativas de ligação como anteriormente e 3 chamadas de 10 minutos por semana. É um pequeno pedido para você, mas algo muito grande e valioso para nós.

 


“Estamos sem respiração, o que ajuda é a ventoinha e quem não tem dinheiro não pode comprar. Este tipo de janela não está na lei.”

Olá sou uma reclusa com 55 anos, levo mais de 4 anos nesta prisão.

Há um mês dei uma queda na casa de banho, fiquei 10 minutos sem me mexer a respirar devagarinho e uma colega de cela é que me auxiliou. Me pegou, sentou numa cadeira, não podia mexer a perna direita, ficando os tendões presos e joelho inchado.

A mesma perna já tinha sido partida há tempos em 2 lados, a colega de cela chamou as guardas e a única coisa que me deram foi gelo e paracetamol. Continuei com os tendões presos e com dores, andei assim um mês e hoje atualmente continuo a sofrer da perna, assim como os tendões estão presos.

Se tive alguma lesão grave cicatrizou sem que ninguém me levasse ao médico. Só após 2 meses da queda é que o médico me chamou e viu o joelho inchado e só agora marcou raio-x, não sei é para quando.

Eu agradeço,se tiver alguma lesão, quem é responsável digam-me.

Outra queixa, estamos numa camarata onde temos uma janela que tem uma rede de ferro com buraquinhos e a frente tem uma persiana que não se vê nada. 

Outro assunto que vou expor é que quando vamos ao refeitório à saída, não nos deixam trazer o nosso pão nem a fruta que nos pertence para a cela, dizem que fazem queixa ao director e cortam a precaria. Jantamos às 17.30 e só voltamos a comer ao outro dia as 8.30, passamos fome. Preferem deitar a comida no lixo do que dar as reclusas. Tenho colesterol, não dão dieta equilibrada é só gorduras, não se pode comer, ficando com fome porque não consigo comer aquela comida.

Muito obrigada pela atenção.